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Campanhas têm limites?


Nas últimas semanas, a polêmica acerca da campanha "Gente boa também mata.", divulgada pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil do atual governo, abriu espaço para o debate sobre essas produções publicitárias e a influência que exercem na sociedade. A peça tinha por objetivo fazer uma crítica às imprudências cometidas no trânsito – mesmo praticando boas ações no dia a dia, um cidadão pode vir a causar um acidente grave ao usar o celular ou exceder-se na velocidade, por exemplo. Mas o que na verdade ocorreu foi uma série de críticas por grande parte da mídia, das pessoas em geral e também por parte do órgão que regulamenta a publicidade no país, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).


A questão que se iniciou a partir desse evento, para mim, foi a respeito da influência que a ação publicitária provoca nos indivíduos e no comportamento social. Quem conhece de história contemporânea tem ideia de como esse mecanismo foi se tornando parte do cotidiano de grande parcela da população. Exemplo disso foram as campanhas ideológicas que permearam as duas Guerras Mundiais, lá no início do século XX. Os discursos dos regimes totalitários – como o fascismo de Mussolini e Franco, o nazismo de Adolf Hitler, entre outros firmados, também, pelo pesado investimento em propagandas – que pregavam as maiores atrocidades já vistas pela humanidade. Os padrões de beleza, muitas vezes absurdos, impostos pela indústria da moda. O modo de vida consumista desenfreado, o acúmulo de bens materiais em detrimento da valorização individual. Penso que por muito tempo as campanhas publicitárias tinham por objetivo apenas o lucro, a venda do que era difundido por ela, não calculando, talvez, as consequências que esse ato produzira na vida de outras pessoas.


No entanto, nos últimos anos, venho observando uma mudança significativa nesse âmbito. Campanhas de empresas importantes de cosméticos como a Boticário, a Natura e Avon vêm introduzindo uma nova forma de ver a beleza, independente do gênero. Na indústria da moda não está sendo diferente. A equidade de gênero e a representatividade são cada vez mais corriqueiras em marcas populares, como a C&A e a Riachuelo. Novos padrões, aliás, os não padrões estão em alta na forma de produzir a propaganda. Pode parecer algo pouco significativo para alguns, mas tenho certeza que para aqueles que se sentirem incluídos é uma ação de grande importância. Uma atitude assim, na abordagem temática das vozes de diferentes atores sociais, pode vir a ser condicionante no estabelecimento de diálogos em variadas esferas sociais. Desse modo, é possível perceber as diferentes facetas das campanhas. Ao mostrar um casal homoafetivo ou modelos com tamanhos além do 38, por exemplo, elas podem estar querendo dizer algo além de “compre meus produtos”.



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